segunda-feira, 18 de maio de 2009

Lenda de São Vicente:

Era uma vez duas crianças, filhas de pastores, que tinham por tarefa diária levar uma vaquinha a pastar, enquanto seus pais desbravavam as matas densas e arroteavam as terras. As crianças, manhã cedo, com uma magra côdea de pão e fruta silvestre, guiavam a vaquinha para os lugares baixos e alagadiços, onde havia erva viçosa, nas margens da ribeira. Para grande surpresa das crianças, dentro da lagoa apareceu, de súbito, um barco que deslizava suavemente, trazendo à proa um jovem de tenra idade, de olhos azuis e cabelos loiros que, com um sorriso lhes acenou, convidando-os a partilhar tão divertida brincadeira. A cena repetiu-se por vários dias e semanas consecutivas, até que um vizinho, que por hábito ali passava, informou os pais das crianças de como as coisas decorriam. Os filhos contaram aos pais o que lhes sucedia e da presença daquele menino belo e formoso que aparecia todos os dias, convidando-os a entrar no barquinho para uma viagem duradoira e alegre, nas águas da lagoa. Os pais, julgando que era algo maligno, foram contar ao vigário da freguesia, que se apressou a fazer a conjuração. Desceu na companhia dos pais aflitos, levando a água benta. Assim que viu o belo menino, abriu o ritual e leu a oração. Às primeiras gotas de água benta, o menino tornou-se numa estátua linda e a barquinha numa grelha luzidia na mão. Perante o facto, todos se benzeram, cheios de espanto. E, com todo o respeito, levaram em procissão e a toque de sinos, a imagem para a igreja. Contudo, pela calada da noite, a estátua voltava ao lago. Muitas vezes a trouxeram para o altar, mas no dia seguinte voltava, misteriosamente, para junto do pequeno ilhéu que a lagoa circundava. Mas, na última vez, umas canas se ergueram sobre o Santo, mostrando a todos a forma de capela e que o lugar da mesma era no ilhéu.

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